sábado, 18 de junho de 2016

Vítima de homofobia, jovem árbitro luta contra o preconceito e diz: 'Muitos vão sair do armário'


Espanhol sofreu discriminação e chegou a largar o futebol. Agora já criou uma associação para lutar pela sua causa e fez discurso no Parlamento Europeu, em Bruxelas


Há pouco mais de um mês, um jovem árbitro espanhol, Jesús Tomillero, que tem apenas 21 anos e se prepara para exercer tal função há uma década, resolveu abandonar o futebol. Pelo menos por um tempo. O motivo? Homofobia. Depois do golpe inicial, ele buscou se levantar, resolveu comprar a briga, é um militante de sua causa, e, aos poucos, já consegue fazer barulho.
Foram dois incidentes com Jesús. O primeiro em um jogo de categorias de base entre Peña Madridista Linense e Mirador de Algeciras. Após assinalar um impedimento, o roupeiro do time local se dirigiu a ele e o insultou com termos de baixo calão. O agressor levou uma multa de 30 euros (R$ 118). No mês passado, novamente, desta vez na Terceira Divisão Andaluz, entre Recreativo Portuense e San Fernando.

- As pessoas me insultam na rua e no campo como se fosse algo corriqueiro e normal. É realmente muito incômodo - disse Jesús Tomillero ao LANCE! .
@CasillasWorld muchas gracias de corazón , estas palabras de un grande como usted !!
— Jesús Tomillero B. (@Jesustomille) May 13, 2016
De lá para cá, recebeu apoio, por exemplo de Casillas, e de Carlos del Cerro Grande, um dos principais árbitros da Espanha. Outro que se manifestou favoravelmente foi Pablo Iglesias, candidato à presidência do país.

Porém, reclama que a Federação Andaluz e o Comitê de Árbitros pouco fizeram. Ele resolveu não deixar tudo por isso mesmo e vai se entregar à causa. Criou a associação Roja Directa Andalucía LGTB (Cartão Vermelho Direto), e recebeu um ilustre convite para fazer um discurso no Parlamento Europeu em Bruxelas.

O principal objetivo do jovem árbitro de La Línea de la Concepción, pequena cidade na província de Cádiz, na Andaluzia, é lutar pela igualdade. Ele é filiado ao Partido Popular (PP), o mesmo que fez o convite para ir à capital belga. Aliás, dedicar-se à política é um objetivo que Jesús tem bastante claro, e pretende levar sua luta a todo o país.

Confira abaixo a entrevista completa com Jesús Tomillero.

Depois do que aconteceu e da luta que você começou, acredita que outros profissionais do esporte vão falar mais abertamente sobre a homossexualidade?
Penso que outros árbitros vão falar sobre o assunto depois de mim. São profissionais que têm a obrigação de fazê-lo. É uma situação dizer o que pensa. Muitos vão sair do armário. O mundo do futebol é complicado, tem um ambiente muito machista. Mudar essa mentalidade é uma tarefa ingrata. Mas temos que seguir lutando para cedo ou tarde acabar com o preconceito.
Você teve apoio de jogadores e de outras pessoas relacionadas ao futebol?
O único jogador que me apoiou foi Casillas. Temos apoio de partidos e do presidente do parlamento europeu. Precisamos dos clubes e mais ainda das associações espanholas. No país, falta gente com mentalidade forte e valente contra o preconceito. As pessoas têm medo do que os outros vão pensar. É preciso tomar iniciativa, como foi na Inglaterra.

E entre os árbitros?
Tenho o apoio do árbitro que apitou a final da Copa do Rei, entre Barcelona e Sevilla (Carlos del Cerro Grande). Depois do jogo, ele me convidou para jantar e me ofereceu ajuda. É um grande ídolo que tenho. 
Fonte/Terra

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