domingo, 25 de outubro de 2009

MARINHO: SEU NILTON DISSE QUE EU ESTAVA A MAIS

O Nilton Santos realmente me deu inspiração. Mas eu subia ao ataque porque antes era centroavante, jogava nessa posição em peladas aqui em Natal. Como tinha muitos candidatos para essa posição, e eu queria era jogar, passei a jogar de lateral-esquerdo. Eu vinha de trás com a bola dominada, pois já tinha noção de ataque, de drible. Puxava para o meio e batia no gol. Dei muita sorte. Tive um treinador no início da carreira, o Seu Barbosa, que chegou a jogar no Flamengo. Ele me ensinou a bater com as duas pernas. Então, tinha muita facilidade de driblar com a direita, com esquerda, e de ir para a linha de fundo.Levou muita bronca dos treinadores por conta disso?Realmente, naquela época, os laterais não avançavam.
Mas o próprio Nilton Santos, que costumava subir muito ao ataque na época dele, me disse que naquele momento eu estava acima do normal e isso me incentivou muito. E ele me orientava muito no Botafogo, nas partidas, nos treinos. Ensinava como marcar o ponta-direita: se fosse veloz, era para dar espaço, se fosse habilidoso, era para ficar junto dele. Os mais veteranos me ensinavam que era melhor defender primeiro para depois subir. E os treinadores, sabendo disso, começaram a procurar um cabeça-de-área que marcasse bem, para fazer a minha cobertura. E naquela época só existia um cabeça-de-área.A discussão que você teve com o Leão na Copa de 1974 foi feia como dizem?Não foi assim tão feia. Houve aquele empurra-empurra. No gol da Polônia (Marinho se refere ao gol que o atacante Lato fez contra o Brasil, na decisão do terceiro lugar), eu perdi a bola na grande área polonesa e o Lato estava sozinho no meio-de-campo e o Alfredo (zagueiro) em cima dele, no homem a homem.
Quando o Lato deu um tapa na bola, saiu uns cinco metros na frente dele. Eu, mesmo vindo de longe, quase chego nele. A bola foi no bico da grande área, Se o Leão tivesse ficado no gol, o Zé Maria (lateral-direito) ou o Marinho Peres, que vinham na cobertura, teria alcançado. Mas foi uma discussão no vestiário. E havia a rivalidade entre (atletas de) São Paulo e Rio (Leão jogava no futebol paulista). Jorginho e Paulo César Caju vieram me ajudar e nem os paulistas ficaram a favor do Leão. Ele era difícil. Pelo menos na Seleção, não saía com os jogadores. No ônibus, ia sempre na frente, com a diretoria ou com o Zagalo (técnico), em vez de ficar atrás com a galera, cantando e se divertindo. E hoje também a gente vê os problemas que ele tem por aí. Mas é o temperamento dele. Tem que respeitar.

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