O sotaque nordestino da cidade de Santa Rita, na Paraíba, continua o mesmo. A voz calma também. Mas a vida mudou muito para o atacante Almir, que já foi xodó da torcida do Botafogo. Aos 27 anos, ele vive o momento mais tranquilo de sua carreira, colhendo os frutos de ser considerado ídolo no Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul.
A admiração é tanta que o jogador ganhou o apelido de "tanque brasileiro" devido a sua força física. Além de satisfação pelo reconhecimento, a passagem fora do país também vem trazendo grandes curiosidades para ele, que chegou a confundir um tipo de "barata" assada com pipoca. - Essa é a minha segunda passagem pelo clube, e o carinho que recebo aqui é impressionante. Na primeira vez, em 2007, senti dificuldades com a alimentação, pois é muito diferente. Teve um dia que tomei um grande susto na praia. Vi um rapaz com uma caixa e pensei que estivesse vendendo pipoca. Quando fui comprar, percebi que era um tipo de barata assada e fiquei assustado. Todos comiam como se fosse uma coisa normal. Tive que aprender a conviver com isso sozinho e acabei tirando de letra. Não moro com ninguém aqui e isso acaba me ajudando a fazer as coisas do meu jeito.
Pretendo continuar no país e sinto que eles também desejam.
Almir apareceu para o futebol atuando com a camisa do Botafogo, como um dos destaques do vice-campeonato brasileiro da Série B de 2003, que levou o time de volta para a Série A. O atacante virou xodó da torcida e ganhou, inclusive, uma música: "Almir, faz um gol aí!"
Ele se lembra com carinho dos amigos, funcionários e diz que está na torcida para que o clube consiga sair da situação ruim no Campeonato Brasileiro.
- Foi a melhor fase da minha vida. Um ano maravilhoso pela satisfação de colocar o Botafogo no lugar que ele merece. Fui criado no clube, conhecia todo mundo e minha vontade de ganhar durante os jogos era grande. Acho que o gol mais bonito que fiz foi numa vitória sobre o Brasiliense, em Caio Martins. Saí do meio, tabelei e marquei um golaço. Tudo que tenho devo ao Botafogo e fico sempre na torcida pelo time. Ainda hoje, quando volto ao Brasil, muitos botafoguenses me param no aeroporto e me cumprimentam. Isso é muito gratificante. Estou confiante de que o Fogão sairá dessa situação complicada na Série A – lembra ele, que acabou o campeonato de 2003 como artilheiro do time com 12 gols.
O ano seguinte, entretanto, não foi de glórias. Almir teve que disputar a vaga com outros atacantes e não conseguiu render o esperado.
Além disso, muitos torcedores o criticavam achando que estava acima do peso. Acabou sendo emprestado para a Ponte Preta, em 2006. Na Macaca, ele teve um bom início, mas não conseguiu evitar que o clube caísse para a Série B. Almir chega no Atlético-MG Em 2007, Almir foi jogar no Ulsan Hyundai e ficou até o início de 2008, quando o Atlético-MG manifestou interesse e o contratou. No Galo, o jogador fez apenas 12 jogos, mas diz que foi muito feliz na rápida passagem por Minas Gerais.
- Foi muito importante. Voltei para um clube grande e de tradição. A torcida do Atlético é enorme e me senti muito contente. Na Coreia, o público é grande, mas não se compara com o Mineirão lotado de atleticanos. Apesar do pouco tempo, o Galo me conquistou e tenho um carinho enorme pelos torcedores.
Almir com a Taça da Hauzen Cup, na Corea No mesmo ano, Almir acabou voltando para o time coreano e está lá até hoje. Campeão da Hauzen Cup (principal torneio do país), ele diz ter conquistado o respeito dos coreanos.
- Fui jovem para o Rio e morei sozinho. Estou acostumado, mas sempre bate uma saudade de casa, né? Mas consegui fazer amigos aqui e eles me ajudam. O povo é muito certinho, educado e procurei fazer o mesmo. Aqui, os mais velhos devem ser reverenciados diariamente como forma de respeito. Sempre fiz isso e acho que conquistei o carinho deles. Estou muito feliz na Coreia e aprendendo muito - concluiu.
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