São 350 jornalistas credenciados. 37 câmeras profissionais de vídeo armadas na sala de entrevistas. 13 caminhões para transmissões via satélite estacionados à porta do Centro de Treinamento. Inúmeras filmadoras e câmeras fotográficas amadoras. Até celulares com câmeras embutidas. A parafernália fica em punho em busca de uma chance de registro.
Foram 700 solicitações de credenciamento apenas para a passagem pela capital paranaense antes da Copa do Mundo da África do Sul. A Confederação Brasileira de Futebol aceitou a metade. O suficiente para agitar os bastidores da enclausurada Seleção Brasileira.
Desde sexta-feira, quando os jogadores chegaram praticamente escondidos ao CT do Caju, as aparições das estrelas são raríssimas. No desembarque, os atletas subiram ainda na pista do aeroporto em um ônibus com vidros escuros. Foram dois dias de isolamento quase que absoluto para exames médicos e testes físicos.
Dois jogadores aparecem por dia para entrevistas coletivas. E os treinos são em sua maioria restritos. Com o cerco fechado, qualquer movimento de um jogador vira uma caça frenética por fotos ou alguns segundos de imagem. Enquanto aguardam na sala de entrevistas, cinegrafistas e fotógrafos trocam empurrões para registrar poucos passos dos jogadores.
Nos três primeiros dias da Seleção em Curitiba, apenas o treino da tarde de domingo foi aberto para a imprensa. Quatro jogadores e dois integrantes da comissão técnica tiveram contato com os jornalistas desde a apresentação do grupo na sexta-feira.
Fotógrafos já circularam todo o CT do Caju em busca de ângulo privilegiado. Entraram em terrenos baldios. Usaram escadas para subir em muros. Fizeram amizade com moradores para usar as janelas das casas das redondezas.
Os jogadores seguem religiosamente os horários de recolhimento. "Não existe a cartilha do Dunga", disse o volante Gilberto Silva. "Talvez poderia ser muito fácil abrir a casa de qualquer jeito para qualquer um entrar. Eu tenho a minha casa, gosto que ela seja respeitada. Nosso objetivo é ser campeão. De vocês da imprensa também".
A realidade da atual Seleção é cada vez mais parecida com a europeia. No velho continente, o acesso aos treinos e jogadores é mínimo. Aos poucos, os brasileiros vão entrando no novo padrão.
"Essa forma que a comissão (técnica) está implantando é parecida com o meu clube. A privacidade é importante para a gente fazer o trabalho bem feito, com algo diferente para surpreender o adversário", diz Daniel Alves, lateral do Barcelona.
Na Alemanha, assim como na Espanha, a situação é parecida. Carsten Bruder, repórter da ARD, mora no Brasil há 17 anos. Já esteve em três Copas do Mundo seguindo o Brasil. E confirma a mudança no modo de preparação para a África do Sul-2010.
"Hoje a diferença não é tão grande. Existe uma restrição de acesso, apenas as entrevistas coletivas. Antigamente no Brasil era diferente. A Seleção brasileira está se adequando ao padrão europeu", afirma.
O grupo de Dunga treina em Curitiba até terça-feira. Na quarta, viaja para Brasília para fazer uma rápida visita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e no mesmo dia segue para a África do Sul. A estreia na Copa acontece 15 de junho, contra a Coreia do Norte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário