Jogadores são enganados e passam necessidades

Quando saíram de Belo Horizonte-MG para atuar no futebol acreano, vestindo a camisa do Náuas, da cidade de Cruzeiro do Sul, o zagueiro Élton, o goleiro James e o atacante Lucas, imaginavam que se abria uma porta para uma grande oportunidade no futebol.
De fato eles encontraram uma porta aberta, mas como eles mesmos dizem, se abriu uma porta para o inferno. Há quatro meses em Cruzeiro do Sul, os atletas dizem nunca terem recebidos um centavo de salário do clube, e depois da eliminação do Náuas do estadual a situação ficou crítica.
Os jogadores afirmam terem sidos largados em um pequeno quarto, de apenas um cômodo, em uma hospedaria na periferia da cidade, onde o trio é obrigado a caminhar até o centro da cidade todos os dias para fazerem as refeições.
"Tudo o que quero é ir embora", diz o zagueiro Elton que desembarcou em Cruzeiro do Sul no dia 16 de março. No estadual atuou em três partidas, depois foi dispensado pela diretoria. Pelo campeonato ele acertou um salário de R$ 2 mil, mas afirma que até hoje não recebeu nada.
"Quando me dispensaram eu esperava que fossem acertar comigo. Não me pagaram e nem deram minha passagem. A gente vive aqui uma verdadeira humilhação. Nunca imaginei passar isso na minha vida. Tudo que desejo é voltar pra casa", desabafa o jogador.
O goleiro James disse que cansou de esperar pelas promessas do presidente do clube. Depois de acumular dividas com empréstimos feitos junto a parentes, o atleta se viu obrigado a procurar um trabalho. Ele conseguiu uma vaga como auxiliar de mecânico, onde recebe R$ 70 por semana. Com a esposa prestes a dar a luz a segunda filha, ele chora quando fala da situação em que vive hoje.
"Toda noite eu choro lembrando da minha família. Alguém precisa fazer algo pela gente. Abro mão do dinheiro que tenho pra receber aqui, só quero voltar pra casa. Hoje estou trabalhando aqui por que preciso de algum dinheiro. Teve dias que passamos fome aqui. Essa semana ganhei 70 reais e mandei pra minha esposa. Levo uma vida de cachorro aqui", diz aos prantos.
O goleiro não chegou a atuar pelo Náuas. Ele treinou até a última semana de trabalho aguardando a documentação que nunca foi providenciada pela diretoria.

Fonte/FutebolInterior