terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ronaldo Fenômeno é convocado para o COL


O possível cargo de Ronaldo no COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014 terá perfil mais parecido com o de Franz Beckenbauer no Mundial alemão de 2006 do que com o de Michel Platini na Copa francesa de 1998. A direção da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do COL ainda não confirma a contratação de Ronaldo, mas a negociação iniciada no fim de semana é para que ele seja “o rosto” do Comitê para o mundo, como Beckenbauer foi em 2006.

Ronaldo deve ter alguém ao lado dele, um executivo, que tome as decisões mais técnicas, como Horst Schmidt foi em 2006. Qualquer tema mais polêmico, como problemas nos estádios seis meses antes do Mundial da Alemanha, eram resolvidos por Schmidt, que inclusive era o escalado para as entrevistas coletivas. O ídolo Beckenbauer, capitão no título de 1974, na primeira Copa na Alemanha, participava dos eventos mais festivos e dava credibilidade para qualquer ação do Comitê.

Em 1998, Michel Platini, também ex-jogador e ídolo francês, era o manda-chuva. Tomava as principais decisões, porque de fato presidia o COL. A boa atuação do ex-camisa 10 o cacifou para presidir a Uefa (União Europeia de Futebol), cargo que assumiu em janeiro de 2007, e para ser candidato a comandar a Fifa em 2015 – deve competir com o brasileiro Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do COL.

O cargo de presidente do Comitê brasileiro, segundo apurou o iG, continuará com Teixeira. Na teoria Ronaldo terá carta-branca para tomar decisões, só que na prática isso pode não acontecer. Segundo publicou o jornal "Folha de S. Paulo", o ex-jogador não gostaria de ter um cargo apenas figurativo e exige poder de decisão.

Foto: AE Ampliar

Ricardo Teixeira, alvo de denúncias, continuará mandando no COL

Teixeira está enfraquecido porque sofre com acusações de ter recebido propina nos anos 90 de uma empresa que prestava serviço comercial para a Fifa, a ISL, e por isso quer sair do foco. Na sexta-feira anunciou que o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, será diretor de seleções a partir de janeiro de 2012, o que tira Teixeira da linha de frente de explicações por problemas no time de Mano.

A entrada de Ronaldo no COL também o tiraria da linha de tiro por eventuais problemas e daria credibilidade ao Comitê. Antes de Ronaldo, Teixeira sondou Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e que atualmente é conselheiro da APO (Autoridade Pública Olímpica), mas desistiu porque isso irritaria a presidente Dilma Roussef, que conta com Meirelles para representar o Governo Federal nas contas das Olimpíadas do Rio, em 2016.

Andrés Sanchez, que participou nesta terça-feira da Soccerex, feira voltada ao futebol no Rio de Janeiro, disse que não estava sabendo de nada, mas comentou a possibilidade. "Se a indicação dele se confirmar, o futebol brasileiro e o país ganham muito. Ele é um cara acima de qualquer suspeita, tem experiência e inteligência para lidar com isso. Claro que tem as dificuldades naturais de qualquer setor. Fico contente", disse Sanchez, que o contratou em dezembro de 2009 para jogar no Corinthians.

O ex-presidente da Fifa, João Havelange, também esteve na Soccerex e falou de Ronaldo. "O Ricardo Teixeira é o presidente e acho que a posição dele é perfeita. Ele tem o direito de fazer as indicações que acha melhor. Como jogador, Ronaldo foi excepcional, agora vamos ver como administrador, o valor que ele pode nos dar", disse Havelange, também acusado de ter recebido propina da ISL.

Colaborou Renan Rodrigues

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