Na íntegra:
Nos 20 anos da conquista do 1º Campeonato Brasileiro da Série B, pelo Paysandu, em 1991, é impossível não
falar de Cacaio. Ídolo do Papão até hoje, o atacante é celebrado com razão. Na campanha, ele anotou 14 gols que o tornaram o maior artilheiro do certame.
Hoje, aos 43 anos e radicado em Itaperuna (RJ), Cacaio conversou por telefone com a reportagem do Bola, relembrou o passado, falou do presente e até mandou fotos atuais com a camisa bicolor.
Bola – Quando você parou de jogar e como está a vida hoje?
Cacaio – Parei em 2004, meu último clube foi o Garça (SP). Estou tranquilo, sempre fui controlado. Tenho uns aluguéis, comércios (lan house) e mexo com futebol. Fui treinador do Itaperuna, Americano (RJ), Serra (ES). Agora parei porque acabou a competição para o Itaperuna. É time de verão, parece os daí, que só quem escapa é Remo e Paysandu. Agora nem mais o Remo, que está sem divisão.
Bola – Você é técnico? Quando a torcida do Paysandu souber disso...
Cacaio – É, mas o Paysandu quer técnico que roubem eles, então deixa.
Bola – Faz tempo que não vem a Belém? Tens muitas recordações daquela conquista?
Cacaio – Fui a Belém há três anos atrás. Fui homenageado no Troféu Camisa 13. Lembro como se fosse hoje, o primeiro jogo, os mais importantes. Sempre tem torcedor que coloca os vídeos no YouTube.
Bola – Então fala algo que te marcou...
Cacaio – Fomos jogar em Curitiba, contra o Coritiba, perdemos de 3 a 1 e o Miguel Pinho (diretor na época), explosivo, nem tinha ido e por telefone o mandou embora. Mas tudo foi resolvido, ele ficou. O Joel era vaiado pelos torcedores e chegou até a brigar com um, no jogo contra o Ceará. Todo jogo fora a gente perdia, mas chegava em casa a gente atropelava.
Bola – E a artilharia?
Cacaio – Foram 14 gols. O mais importante foi o primeiro da final, contra o Guarani e o que fiz contra o ABC, que caiu o alambrado e ficou muito conhecido. Até diziam que a torcida do Grêmio é a avalanche, mas não é igual a do Paysandu, que derruba o alambrado. Veio todo mundo abaixo.
Bola – Qual jogo da campanha foi o mais especial?
Cacaio – O segundo do mata-mata, contra o Ceará, fora. No primeiro, fizemos 1 a 0 e lá tomamos uma pressão danada. Marcamos 1 a 0 e, no finalzinho, o Ceará empatou. Mesmo assim conseguimos (empatar). Esse jogo foi o da arrancada.
Bola – Ainda acompanha as notícias do Paysandu? O que achas que mudou de lá para cá?
Cacaio – Naquela época tinha mais paixão. Sempre acompanho o que sai sobre o futebol daí. Reformaram a Curuzu, mas naquele tempo já dava 16 mil torcedores, fora os que ficavam do lado de fora.
Bola – Como avalias o Paysandu hoje?
Cacaio – Fico triste pela situação de Remo e Paysandu. Do jeito que Belém é apaixonada por futebol merecia ao menos um clube na Série B. Mas isso se deve à organização. Time grande cai, mas tem obrigação de subir novamente. Corinthians já caiu, Botafogo... O Paysandu, se pegar a relação da FIFA, está lá como grande e agora não consegue sair da Série C? Joga com time sem expressão, lá do interior do Tocantins e perde?
Bola – Por que achas que isso acontece?
Cacaio – Antes para se contratar, iam conferir os jogadores em ação para poder fechar negócio.Agora não,tudo é DVD e ainda tem a inflação. Os caras ganham três mil reais aqui e só querem ir para Belém ganhando 10 mil reais, aí aceitam... Ninguém aguenta!
Bola – Mande um recado para a Fiel bicolor...
Cacaio - Que tenham fé, porque o povo brasileiro não desiste nunca. A torcida é maior que tudo, presidente, diretores. Tudo passa, mas eles ficam. E tem que ter sim o apoio da imprensa. Vejo que hoje os cartolas sempre criticam. Se não fosse a imprensa,não existiria patrocinador.
Fonte/Safern
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