sábado, 30 de março de 2013

A entrevista definitiva de Seedorf



O cartão vermelho dado pelo árbitro Philip Bennett a Seedorf no jogo entre Botafogo e Madureira gerou uma grande repercussão durante a semana. Nesta sexta-feira, o holandês, embaixador do Fair-Play da Uefa, falou pela primeira vez sobre o assunto, lamentando a expulsão injusta e a proporção exagerada, e explicando o que aconteceu.
Seedorf destacou sua postura ao longo da carreira para deixar claro que não foi desrespeitoso com o juiz nem falou as palavras contidas na súmula ("Você está de palhaçada"). Na longa entrevista coletiva, o camisa 10 do Botafogo comentou também a interdição do Stadium Rio e garantiu que o time mantém a concentração e a motivação para buscar o título carioca.
Confira os principais trechos:
EXPULSÃO
"Durmo bem, como bem, estou relaxado. Parece que aconteceu um desastre natural, com muitas mortes, mas foi só uma situação de jogo de futebol. Estou um pouco assustado pela tensão que se criou, há decepção pela pouca sensibilidade, porque todo mundo está olhando para o Brasil. Por uma coisa pequena, estão criando essas notícias negativas para o mundo inteiro. Fiquei mais triste porque não precisava, poderia ser evitado. Mas tudo bem, aconteceu".
POSTURA
"Queria passar por alguns assuntos que li e vi em comentários. As coisas têm que ser colocadas na sua perspectiva. Em toda minha carreira, mais de 900 jogos, dificilmente fui punido por falar mal com o árbitro. Significa que sei falar, respeito muito o papel dele dentro do jogo. No meu vocabulário com o juiz, sei como me comportar. Não falei nem quando o juiz retornou o pênalti. Tomei várias entradas duras no segundo tempo, não falei nada. Vi que havia muita pressão dos jogadores, mas nunca fiz. Esse foi meu comportamento. Mantive a postura correta com o árbitro, não tive um conflito".
CURRÍCULO
"Eu sempre respeitei a lei, por toda a consciência que tenho. Sou diferente de muitos jogadores, tenho currículo que merece ser valorizado. Tenho meu respeito pelo juiz. Nesse momento, ele não tinha concentração por minha carreira. Fui substituído várias vezes, nunca saí pelo portão pequeno, sempre pelo principal, onde tem o quarto árbitro. Futebol é entretenimento também, torcedor quer ver o jogador sair, quer poder aplaudir. É comum na Europa você estar no outro escanteio e sair pelo meio, o juiz pode acrescentar tempo. Para mim, é normal sair no portão principal".
SUBSTITUIÇÃO
"Falaram que eu estava querendo perder tempo, que fui indisciplinado. Quando quero gastar tempo, faço com a bola no meu pé, não preciso de outro tipo de coisa. Como contra o Vasco, em que levei a bola para o fundo do campo. Quando a bola estava em jogo, eu tentava organizar o time como sempre faço. Vi Cidinho saindo, mas não sabia que eu tinha que sair. Não havia necessidade desse problema. O juiz falou que eu tinha que sair por um lado, eu perguntei por quê. Não entendi. Não vi nada na placa, mas confiei que ele podia ter visto. Pedi para sair no meio e ele acrescer, me deu cartão amarelo. Tinham dois jogadores do Madureira reclamando. Sempre tive um bom diálogo, não fui agressivo. Quando me deu amarelo, podia falar para sair rápido. Meu pensamento foi, se já me puniu, vou sair onde quero. Vi muita bagunça. Por isso falei que não entendi nada. Achei que tinha sido substituído".
MADUREIRA
"A entrevista do jogador do Madureira é incrível, um companheiro de futebol, querendo me expulsar. Me pediu camisa durante o jogo, ele e mais quatro jogadores. A reação do juiz não foi por mim, foi pelos jogadores do Madureira. Os fatos são muito claros. Infelizmente, a arbitragem não se ajudou. No primeiro tempo, corretamente voltou atrás no pênalti. Eu estava impedido. Depois, havia imagem com placa para substituição de Cidinho, é triste ver se criar essa situação por nada".
SÚMULA
"Essa palavra que o juiz falou que usei, que está de palhaçada, é uma palavra que não uso. Ainda se fosse, não é ofensa pessoal, é algo de comportamento. Provavelmente, foram os jogadores do Madureira que disseram e ele entendeu errado. Havia muita confusão. Não tem que inventar que eu falei".
CARTA À FIFA"Se for incorreto, não pode ser que um clube pague preço por erro de juiz, que é natural, acontece. Não se pode esperar duas semanas por uma decisão, no máximo dois dias. Eu vou questionar na Fifa, vou escrever uma carta. É mais justo e faz parte do fair-play que promovem. Não é justo perder uma final de Copa do Mundo por um erro de juiz. Queremos sempre melhorar nosso futebol. Sou um embaixador do Fair-Play da Uefa, por que não vou respeitar o juiz se tenho um papel desse tipo?"
OBJETIVOS DO BOTAFOGO
"O time e o torcedor do Botafogo têm que ficar focado nos nossos objetivos. Se a intenção é de criar problemas ou tirar o foco do bom momento do Botafogo, sabemos que não temos que deixar. Não pode ser desculpa para apagar o que fizemos até agora. É preciso manter energia positiva e foco. Nada vai mudar nosso empenho, dedicação e foco no objetivo final. Está claro que estão acontecendo provocações, depende de nós para cair ou não. O trabalho está sendo bem feito, estou muito otimista".
JOGAR FORA DO STADIUM RIO
"Jogamos em Moça Bonita e me senti em casa. O Botafogo não vai ter problema algum. Não vamos cair em tentações, vamos manter foco, fazer nosso papel, independentemente de onde jogar. Só sei que é um pecado (a interdição) ter sido uma comunicação negativa para o Brasil e para o mundo. É preciso ter uma consciência de que a comunicação não basta ser interna, todo mundo está olhando com olhos bem críticos. Me sinto parte do Brasil, gostaria de ver o país bem na comunicação para fora".
SER DESFALQUE NO CLÁSSICO
"O Botafogo está muito bem, não depende do Seedorf. Quando um time está bem, é o grupo. Eu sozinho não posso fazer nada. Não funciona assim. Acho que o Vasco tem muito mais problemas e vai ter muita motivação. Mas tenho muita confiança no grupo e no time".

Fonte/JornaldosEsportes
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