domingo, 3 de março de 2013

Riachuelo se prepara para voltar ao futebol

Fundado no já bem distante 1948 e estreando no Estadual da FNF em 1950, o Riachuelo Atlético Clube está se preparando para tentar o retorno ao futebol profissional, inscrevendo-se para disputar a 2ª divisão de profissionais ainda este ano. Quem assegura é o presidente do clube naval, José Valdir da Silva. As providências vêm sendo tomadas há algum tempo, e se nada havia ainda transpirado - segundo Valdir Silva, é porque o clube só queria jogar a notícia quando estivesse novamente regularizado. E isso aconteceu, confirma o dirigente maior do "Azulão", como o time era mais conhecido quando fazia parte dos Estaduais da FNF. Para isso, tem integral apoio do comandante do 3º Naval, almirante Gamboa, e do capitão Álem Silveira. À TN, disse o presidente Valdir Silva que as providências vinham sendo tomadas há mais de um ano, porém só quando todos os documentos estivessem prontos, a notícia seria divulgada.



O Riachuelo sempre foi considerado uma espécie de moleque travesso pelos grandes clubes do RN

LICENCIAMENTO

O último Estadual disputado pelo Riachuelo foi o de 1988, no ano seguinte já não constava mais da relação dos filiados. Sem muito apoio, acumulando maus resultados e ressentindo-se de dirigentes dispostos a trabalhar, o RAC não teve outra saída senão licenciar-se. E o que parecia uma decisão não definitiva, acabou se consumando. De 1989 até agora já se passam 24 anos. Mas, para Valdir Silva, o apoio da Marinha e do 3º Distrito Naval pelo seu comandante, Almirante Gamboa, é pra valer. É claro que o clube não vai contratar profissionais caros, preferindo trazer jovens revelações que pertencem à Marinha do Brasil e residem no Rio, Salvador, Florianópolis, Vitória/ES, Recife e Natal. "Nós temos bons jogadores atualmente vestindo o tradicional uniforme branco característico da Marinha de Guerra. Também há bons valores entre os Fuzileiros Navais onde a Marinha tem a sua Base Naval", acrescenta, otimista, o presidente Valdir.



O SUCESSO E O ADEUS



No princípio, o Riachuelo contava com ótimo elenco, e a prova é que chegou a disputar jogos empolgantes contra ABC, Alecrim e América. Em 1967, decidindo o Estadual frente ao América, ainda no "Juvenal Lamartine", o Azulão empatou em 1x1, sendo o gol americano anotado por Bagadão, a 15 minutos do final da partida, quando o empate servia ao adversário. Um ano depois, o RAC lançou para o futebol potiguar e, depois, para o Brasil, o mais talentoso jogador saído do futebol da capital, um garoto saído da Salgadeira, onde ficava o campo de peladas da meninada do bairro. O fenômeno foi Marinho Chagas, ou simplesmente o galego Marinho, irmão de "Bomba", João e Clodoaldo, este meiocampista defensor do RAC. Marinho Chagas jogou apenas um ano no ABC, embora tenha sido campeão de 1970, mas logo foi trocado - ao lado de Petinha, por quatro jogadores do Náutico, um dos quais, o zagueiro Edson, transformou-se em ídolo do Alvinegro, campeão estadual em várias temporadas, um líder autêntico no gramado. Edson é formado em economia, é uma das vítimas da temível hepatite tipo "C", embora já curado. Os outros pernambucanos do Náutico, permutados por Marinho foram Edvaldo, bom centro-avante, goleador do Estadual, e o volante Correa.

O MAIOR DE TODOS

Marinho foi o maior jogador já revelado no RN, saído do Riachuelo, eleito o segundo maior ala esquerdo da Copa de 74, campeão pelo Botafogo, Fluminense, Náutico, São Paulo FC, integrou o time de estrangeiros do New York Cosmos, ao lado de Pelé e um elenco somente de veteranos ídolos estrangeiros famosos. Marinho Chagas foi o maior talento que já passou pelo ABC, nivelando-se a alguns craques do passado - fica difícil comparação pelos desnível técnico do futebol do RN nos anos 50/60. O único título de Marinho no ABC foi o de 1970, sendo esta a formação campeã: Erivan, Otávio, Edson, Josemar e Marinho, (depois Preta), William, Correa e Alberi, Maia, Petinha e Burunga, jogando também Lúcio, Zezé, Batista e João Galego. Técnico, Caiçara, falecido recentemente. Em 1969, Marinho trocou o RAC pelo ABC, em seguida foi para o Náutico ao lado de Petinha, mas só Marinho brilhou no time "timbu". O RAC recebeu do ABC um saco de material esportivo em troca do "Lourão" da rua Benjamin Constant. Lentamente, o RAC foi perdendo forças, embora sempre contasse com bons jogadores, como foram Aladim, Ivo, Messias, Pádua, Adalberto, Zé Maria, Beto e Garcia, este um ponta fantástico, que depois brilharia no futebol pernambucano. Como cartola, a maior figura do Riachuelo foi o suboficial Antônio Castro. O RAC teve como treinadores, José Ribamar Coqueiro, Eugênio Barros, José Djalma (Tenente), Roberto Rack, Pedrinho Teixeira, o próprio sub Castro, Carlos Alberto, entre outros. O RAC não vai mudar: calção branco, camiseta azul e branca. O chamado time naval foi o primeiro da FNF com vinculação militar. Depois, veio o Monte Castelo, ligado ao Exército, mas esteve apenas um ano filiado à FNF, já que a unidade militar se transferiu para o Brasil Central. Como lembrança também do RAC de muitos anos atrás, está ainda gozando de boa saúde mas já reformado da Marinha, o popular torcedor "Senta Ripa", o torcedor solitário que corria pela arquibancada do lado da geral do "JL", empunhando uma enorme bandeira do RAC.
  Fonte/EveraldoLopes

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