João Havelange renunciou ao cargo de presidente de honra da Fifa, que
anunciou oficialmente nesta terça-feira a decisão, mas o brasileiro já
havia deixado o posto há duas semanas. O anúncio da saída ocorre depois
de o dirigente ter o seu nome envolvido em um escândalo de corrupção que
manchou de forma significativa a reputação da entidade que controla o
futebol mundial.
O presidente da câmara decisória do Comitê de Ética da Fifa,
Hans-Joachim Eckert, anunciou nesta terça, por meio de um comunicado,
que o brasileiro de 97 anos de idade renunciou ao seu posto na Fifa no
último dia 18 de abril. E a renúncia oficial de Havelange ocorre no
mesmo dia em que a Fifa publicou um relatório do seu Comitê de Ética
sobre o caso de corrupção envolvendo a ISL, extinta empresa que foi
parceira de marketing da entidade.
Com a sua decisão, Havelange se livrou de receber qualquer punição por
seu envolvimento no escândalo da ISL, que declarou falência em 2001.
Após suspeitas de corrupção levantadas há mais de uma década, o caso
voltou a ser investigado pela Fifa depois que a rede britânica BBC
publicou uma reportagem, no ano passado, denunciando que a extinta
empresa de marketing subornou membros da Fifa para ganhar os direitos de
transmissão de várias Copas do Mundo.
Havelange foi presidente da Fifa de 1974 a 1998 e um documento divulgado
pela Justiça da Suíça recentemente também sugeriu que Joseph Blatter,
que sucedeu o brasileiro no cargo, sabia sobre um pagamento de 1 milhão
de francos suíços para o ex-mandatário da entidade em 1997.
O caso de Havelange também envolve Ricardo Teixeira, ex-presidente da
CBF, com pagamentos que totalizaram US$ 22 milhões entre 1992 e 2000.
Pressionado pelas denúncias, Teixeira renunciou aos seus cargos no
futebol no ano passado.
No relatório que apresentou nesta terça, Hans-Joachim Eckert escreveu
que Havelange e Teixeira agiram com uma "conduta moralmente e eticamente
reprovável", mas enfatizou que aceitar propina não era considerado um
crime na Suíça na época do ocorrido. Ao mesmo tempo, o juiz alemão
pontuou: "Entretanto, é claro que Havelange e Teixeira, como dirigentes
de futebol, não deveriam ter aceitado qualquer dinheiro de suborno, e
deveriam ter de devolvê-lo desde que o dinheiro estivesse em conexão com
a exploração de direitos de mídia".
Também acusado de receber propina, o paraguaio Nicolás Leoz, de 84 anos,
deixou a presidência da Confederação Sul-Americana de Futebol
(Conmebol) na semana passada, assim como o seu posto no Comitê Executivo
da Fifa. A decisão também teria sido tomada para evitar possíveis
punições, embora o dirigente tenha alegado razões de saúde para
renunciar aos seus cargos no futebol. Ele teria recebido US$ 730 mil em
subornos, mas nunca enfrentou uma investigação da Fifa.
Pelo fato de Havelange ter renunciado, Eckert disse, por meio do
relatório publicado nesta terça-feira, que qualquer medida ou sugestão
de punição a ser tomada contra o brasileiro teria caráter "supérfluo", e
o mesmo acaba valendo para Teixeira e Leoz.
Agora oficialmente fora da entidade máxima do futebol mundial, Havelange
já havia renunciado, em dezembro de 2011, ao posto de membro do Comitê
Olímpico Internacional (COI), do qual fez parte por 48 anos. Na época,
ele também alegou problemas de saúde para a renúncia, mas a decisão teve
claro caráter político, pois ocorreu dias antes de a entidade olímpica
definir se iria suspendê-lo por causa das denúncias de corrupção durante
a investigação sobre o caso da ISL.
Fonte/FolhadePE
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