sexta-feira, 25 de outubro de 2013

São Paulo e Corínthians foram punidos pelo STJD

São Paulo e Corinthians foram punidos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pela briga ocorrida no clássico realizado no dia 13 de outubro, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. Por unânimidade, o Tricolor terá de pagar uma multa de R$ 80 mil e perdeu o mando de quatro jogos, não atuando mais no Morumbi até o fim da competição. Já a equipe do Parque São Jorge vai desembolsar R$ 20 mil pela maioria de votos - apenas um auditor absolveu o clube.
No entanto, os dois clubes não gostaram do resultado. Tanto São Paulo como o Corinthians vão recorrer da decisão. Carlos Portinho, representante do Tricolor Paulista, preferiu não tecer maiores comentários em relação ao julgamento. Visivelmente incomodado com a decisão do STJD, o advogado disse que prefere assimilar a sentença antes de se pronunciar, mas confirmou a tentativa de recurso.
- É óbvio que vamos recorrer - declarou o advogado Carlos Portinho, representante do São Paulo.
De acordo com o representante corintiano, João Zanforlin, o clube alvinegro também irá recorrer da decisão, apesar de não ter sido punido com perda de mandos de campo. Ele repetiu após o julgamento o que falou com veemência ao longo de sua defesa.
- O Corinthians não deveria nem ser denunciado. Tudo no país agora é culpa do Corinthians. E o clube não teve culpa. O relatório foi equivocado do início ao fim. Não diria que a procuradoria inventa, mas sim que pode aumentar. O monitoramento do Corinthians é tanto que até o Obama deve estar de olho. E nada foi encontrado. Por isso, vou sim recorrer desta multa de R$ 20 mil.
Segundo a Polícia Militar paulista, a briga no clássico do Morumbi começou quando são-paulinos tentaram lançar um explosivo contra os rivais e acertaram um PM, que ficou ferido. Ainda segundo a PM, os tricolores tentaram invadir o setor destinado aos rivais no Morumbi. Um são-paulino foi preso.
A defesa do São Paulo tentou o tempo todo jogar a culpa para PM e alegar que a torcida do São Paulo estava simplesmente se defendendo do que ele chamou de "tática de guerra adotada pela corporação". Carioca, Carlos Portinho disse que a rivalidade não o afeta e baseou parte do seu pensamento em imagens mostradas pelo advogado do Corinthians. O vídeo foi feito por um torcedor do Timão e mostrava a PM atacando os são-paulinos e também a divisória das arquibancadas do Morumbi.
- Na imagem que o doutor Zanforlim mostra, é possível ver que as torcidas estavam separadas por obstáculos que o São Paulo colocou em seu estádio e que por isso o Morumbi não é palco há anos de imagens como essas. Os são-paulinos nunca tentaram ultrapassar aquilo como alega a PM. O que as imagens mostram, e isso é crucial para a defesa, é que houve algum incidente que atiçou os ânimos, e o policiamento em tática de guerra quis afastar os torcedores, espremendo e tirando todos dos seus assentos. Tanto isso é verdade que a imagem mais emblemática é de um policial com o cacetete na direção de um pai e de uma criança. A polícia generalizou e transformou todos ali em marginais. Colocou todos como bandidos e aí as pessoas reagiram diante de tal covardia. Eu faria o mesmo - afirmou Portinho, ressaltando que nenhuma das imagens mostrou qualquer tipo de bomba como alega a polícia.
Em seguida, Carlos Zanforlin iniciou a defesa dizendo o tempo inteiro que a torcida do Corinthians não teve nenhum tipo de interferência no caso. Ele citou o tempo inteiro um equívoco no relatório da Polícia Militar, que disse que a confusão ocorreu no segundo tempo e não no intervalo da partida. O objetivo foi desconstituir este relatório e para isso citou o exemplo do sumiço do pedreiro Amarildo. Mas o mais curioso foi quando ele disse que desde a confusão ocrrida com corintianos na Bolívia a torcida vem sendo a mais monitorada do país.
- Até o GPS do Barack Obama está em cima dos corintianos. E nem ele conseguiu uma imagem de qualquer tipo de bomba partindo de lá. Fora que o relatório da polícia é construído em cima de um erro grotesco. A única coisa emocionante no segundo tempo foi o pênalti defendido pelo Cássio, já que a briga foi no intervalo. É errado estarmos aqui - disse.
Após os votos dos auditores Wanderley Godoy Junior e Lucas Lima, que divergiram apenas no Corinthians - o primeiro absolveu e o segundo votou pela multa de R$ 20 mil -, o presidente Paulo Henrique Bracks pediu a palavra e jogou a responsabilidade inteira para o São Paulo. Ele lembrou que o clube era o mandante, que o estádio é privado e que deveria ter se preparado melhor. Ele questionou o fato de não terem imagens do circuito interno do estádio para saber como a confusão começou exatamente. E lamentou que os clubes nada fazem para impedir a entrada de artefatos explosivos no local do jogo.
- A PM diz que artefatos podem ser escondidos no ânus e que a revista íntima demora dez minutos por torcedor, o que a torna inviável. Tudo bem, mas morteiro no ânus?! Haja ânus! E o São Paulo joga a culpa na polícia. Se a culpa é dela, por que não tira e coloca uma empresa particular? Aí ela aponta os culpados e passa para a polícia. Acho inadmissível em um estádio como o Morumbi não termos imagens. O que os clubes estão fazendo para mudar isso? Quem sofre as consequências do torcedor com bomba é o próprio torcedor. E o responsável por isso é o clube - disse antes de encerrar o julgamento.
Ambos os clubes foram enquadrados no artigo 213 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que fala em "deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir: desordens em sua praça de desporto, invasão do campo ou local da disputa do evento desportivo e lançamento de objetos no campo ou local da disputa do evento desportivo". A pena prevista nesses casos é de perda de até dez mandos de campo e multas entre R$ 100 e R$ 100 mil.
Com a perda de quatro mandos, o Tricolor não joga mais no Morumbi pelo Campeonato Brasileiro. Ele deverá levar suas partias contra Portuguesa (2 de novembro), Flamengo (13 de novembro), Botafogo (24 de novembro) e Coritiba (8 de dezembro) para longe de São Paulo. A tendência é que alguma cidade do interior seja escolhida, para evitar viagens mais longas por conta do desgaste com a Copa Sul-Americana.
Já o Corinthians, que tem cumprido punição (perdeu quatro mandos por incidentes contra o Vasco e depois mais um por conta de uma garrafa atirada contra o árbitro auxiliar da partida diante Portuguesa, no dia 29 de setembro), só tem mais dois jogos a realizar no Pacaembu: contra Vasco (17 de novembro) e Internacional (1º de dezembro).
Fonte:Globoesporte

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