domingo, 27 de dezembro de 2015

Apaixonado por futebol já assistiu mais 8.500 jogos pela TV


Em um único dia ele já chegou a assistir 13 jogos, três a mais do que a rotina de um final de semana. O recorde mensal é de 198 partidas. Tudo pela televisão. Os times do coração são o Baraúnas, em Mossoró, o Fluminense, no Rio, e o Corinthians, em São Paulo.
Diante das TVs e do notebook, Carlos acompanha as partidas e registra cada placar – Foto Wilson Moreno
Diante das TVs e do notebook, Carlos acompanha as partidas e registra cada placar – Foto Wilson Moreno
Dona Sebastiana recorre à TV da cozinha para não competir com o filho – Foto Wilson Moreno
Dona Sebastiana recorre à TV da cozinha para não competir com o filho – Foto Wilson Moreno
Carlos Antônio dos Santos é um verdadeiro apaixonado pelo futebol. Do início de 2003 até o dia 21 deste mês foram 8.673 jogos conferidos, 2.026 deles só este ano. Ao todo são 423 clubes de todos os Estados do Brasil conhecidos e 127 seleções mundiais. Em um único dia ele já chegou a assistir 13 jogos, três a mais do que a rotina de um final de semana. O recorde mensal é de 198 partidas. Tudo pela televisão.
Aliás, são dois aparelhos de TV na sala, uma de 52′ e a outra de 29′. Tudo para não perder detalhe algum quando há mais de uma partida no mesmo horário e, se acontecer de haver mais de dois jogos ao mesmo tempo, o notebook fica ao lado da cadeira e ele desliga uma das TVs para acompanhar a disputa pela internet.
Para quem duvida dos números, está tudo documentado. Em um caderno que fica sempre ao alcance das mãos, são registrados o canal que exibiu a partida, a data do jogo, os times que entraram em campo e o resultado da disputa. Os dados são repassados para o notebook e quando, por alguma razão, há divergência entre os dados, ele confere o placar na web.
O objetivo é entrar para o Guinness Word Records como a pessoa que mais assistiu jogos de futebol pela TV. “Eu luto para ser o primeiro”, diz. “Eu acho que não tem como eu”, afirma convicto.
“Eu acho que ninguém tem paciência”, complementa a mãe, dona Sebastiana Canuto dos Santos.
A paixão pelo esporte vem da infância. Embora ele tenha deficiência física e não consiga caminhar normalmente, Carlos não abria mão de jogar com os amigos da rua, sempre na posição de goleiro. Dona Sebastiana lembra que o bairro onde moram não era calçado e ele voltava para casa coberto de poeira, mas fazia questão de participar.
Hoje, aos 43 anos, ocupa satisfeito a posição de espectador, que ele prefere desempenhar diante da tela do que próximo ao gramado. Ele chega a ficar 20 horas em frente à TV. Para ter acesso a todas as transmissões, a família possui duas assinaturas de TVs a cabo. Assim os canais de esporte que não estão disponíveis em uma podem ser conferidos na outra.
Carlos não assiste jogos reprisados, mesmo que o seu time tenha saído vitorioso, e também não acompanha as partidas pela metade. Tem que ser o jogo inteiro. Para não perder nenhuma disputa, ele prefere ficar em casa e deixa até de viajar. Isso porque na casa das outras pessoas ele não tem a possibilidade de acompanhar mais de uma partida ao mesmo tempo.
De amistoso à Copa do Mundo
Para se ter uma idéia da paixão pelo futebol, em uma semana que tem campeonato ele chega a assistir de 25 a 30 transmissões ao longo dos sete dias. Os campeonatos internacionais têm preferência, principalmente, os europeus. Mas a lista é vasta e inclui jogos em todos os continentes e de todas as divisões.
Os times do coração são o Baraúnas, em Mossoró, o Fluminense, no Rio, e o Corinthians, em São Paulo. Ainda sobra admiração pelo time espanhol Real Madrid. Por incrível que pareça, ele não torce por nenhuma seleção mundial. “Eu assisto a Copa como quem assiste um campeonato regional”, conta.
Mas quando o Corinthians está em campo, ele admite que fica mais ansioso. Esse, aliás, é o time que considera o melhor do Brasil.
Para Carlos, a seleção alemã, campeã da última Copa do Mundo, é realmente a melhor em nível de mundial. Ele também acredita que o Brasil vai demorar a levar a ser campeão da Copa novamente. “Eu acho muito difícil ele levar por muito tempo”, conta.
Em termos de jogadores, o craque eleito como ídolo já está fora dos campos. “Eu sou fã de um jogador que não joga mais, Ronaldo”. Na atualidade, o português Cristiano Ronaldo e o brasileiro Neymar são os favoritos.
A paixão pelo futebol não contagiou a família, como lembra a irmã, a pedagoga Rosângela Oliveira. Mas o que faltou de interesse em alguns, sobrou em Carlos, que não abre mão de acompanhar as competições.
Nos horários de jogos, dona Sebastiana, já sabe que não adianta tentar disputar as TVs. “Dá não. Ninguém compete com ele não, porque ele não arreda o pé”, conta. Mas parece que a televisão é uma paixão da família. Para ter acesso à programação que prefere, ela mantém um aparelho na cozinha e o outro no quarto. Ao todo são cinco aparelhos na casa.
Quando algum imprevisto acontece, como a falta de energia ou como interrupção dos campeonatos e Carlos tem que ficar sem ver os jogos, ele lamenta. “Eu fico doido a partir da segunda metade deste mês, porque a maioria dos campeonatos está de férias”, diz, lembrando que os jogos ficam restritos aos finais de semana.
Carlos é aposentado, mas se não fosse a deficiência física, ele tem convicção de qual profissão buscaria. “Com certeza eu teria ido jogar bola, porque eu já jogava me arrastando”, finaliza.
Fonte/GazetadoOeste

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