A polêmica dos ingressos parece que apenas começou. Uma reunião no Ministério Público ontem pretendia definir todas as questões do Clássico-Rei do próximo domingo (1), mas o ponto fundamental não teve solução. E, por isso, por enquanto, a venda de ingressos destinados aos setores noroeste (onde ficará a torcida do ABC) e sudoeste (pertencente ao América) está, provisoriamente, suspensa.
O motivo é que não houve consenso relacionado ao valor cobrado para a torcida do Alvinegro, que será visitante neste primeiro duelo. Sem concordar com os valores impostos, a diretoria do ABC entrará com uma representação no Ministério Público.
A história segue da seguinte forma: o América, a princípio, cobraria R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) para o setor onde ficará a torcida abecedista.
Antes mesmo dos ingressos começarem a ser comercializados, o Ministério Público interveio. "O que eu avisei ao presidente Beto Santos [do América] é que esse valor estava fora de cogitação", explicou Luiz Eduardo Marinho, promotor do Estatuto do Torcedor. Torcedores abecedistas, inclusive, ao terem a informação antecipada do valor já haviam acionado o Procon.
O primeiro passo da reunião se resolveu. A diretoria do América baixou o preço cobrado para R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) para o setor onde ficará a torcida do ABC. Para o promotor, o valor é razoável, opinião que foi compartilhada por outros membros da mesa como o o presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José Vanildo.
A diretoria abecedista, no entanto, não concordou. O ponto questionado era a opção do Alvinegro também ter acesso aos preços mais baratos que serão cobrados no estádio. "O que a gente se preocupa, de fato, é a discrepância dos valores apresentados", alegou o vice-presidente do clube Rodrigo Salustino.
O ponto apresentado pelo Alvinegro é: ter a opção para o seu torcedor também comprar um ingresso mais barato, como acontecerá com o torcedor americano nos setores leste, sul e norte.
Como mandante, a direção do América, por sua vez, escolheu o setor noroeste para a torcida do Alvinegro, e lá, juntamente com o sudoeste, é um local tradicionalmente mais caro, de preço intermediário na Arena das Dunas (fica entre os preços de todo o estádio e da área vip).
"Só a gente está sendo penalizado", alegou o vice-presidente de Administração do ABC, Epifâ-nio Loiola, questionando a possibilidade do preço ser reduzido no local (o que foi descartado pelo América pelos custos) ou a mudança de setor da torcida abecedista.
Diante de toda a discussão, em alguns momentos mais acalorada, nada foi definido. O Améri-ca baixou o preço, mas não abre mão da localização da torcida abecedista no setor Noroeste no valor de R$ 50 (inteira) R$ 25 (meia), que também será cobrado ao torcedor americano que estiver no setor similar (o sudoeste) do estádio.
O ABC, por sua vez, concorda com o valor ofertado, mas quer a possibilidade de parte de sua torcida pagar o valor mais baixo que acontecerá na partida - já que o América terá acesso a setores com preços de R$ 20 (inteira).
ABC entrará com Representação
Sem acordo, o ABC definiu que entrará com uma Representação no Ministério Público. O clube alegou inclusive que o documento já estava pronto, mas buscava uma resolução na reunião, o que não aconteceu. Enquanto isso, a venda dos setores envolvidos segue suspensa.
Devido à urgência do fato, já que o jogo acontece no próximo domingo, a questão será anali-sada como uma medida cautelar para que os ingressos possam voltar a ser comercializados. A previsão é de que tudo seja resolvido hoje.
Assim, sem acordo entre os clubes, caberá a uma comissão julgar a situação. O promotor da Defesa do Consumidor do Procon, Leonardo Cartaxo, havia se pronunciado, "a priori", como ele mesmo frisou, que os valores eram razoáveis, mas sem a concordância entre América e ABC, o caso será analisado.
"Esse valor não pode ser um valor que impeça o consumidor de ir ao espetáculo, não pode ser algo que mascare o acesso da torcida visitante. Cada evento é um custo e o que nós iremos utilizar é o critério da razoabilidade", explicou Cartaxo.
"É bom a gente frisar que é possível, sim, cobrar valores diferentes nesse caso [por conta dos setores do estádio]. O que a gente tem discutido principal-mente é a discrepância", explicou Luiz Eduardo Marinho, que acredita, particularmente, que os valores cobrados são razoáveis. "Esses valores ao que a gente conseguiu chegar me parece algo bem racional, é algo razoável", avaliou.
"Buscamos um acerto de convivência para que efetivamente a partir de agora pudesse levar tudo ao jogo de domingo, não uma discussão sem fim", comentou o presidente da FNF José Vanildo, que também acredita num preço razoável, inclusive em se tratando de uma final na Arena das Dunas.
O Procon Municipal já havia recebido notificações mesmo antes da reunião de ontem por conta do boato de quanto o América cobraria no setor do ABC. Assim, também se manifestou. "Recebemos denúncias sobre a abusividade dos preços e estamos analisando para a noti-ficação do mandante sobre os valores cobrados", explicou o assessor jurídico do Procon, Marcel Fernandes, que também esteve na reunião.
Fonte/NovoJornal