Mas ele não imaginava ter que andar sobre cacos de vidro, brasas e até entortar uma barra de ferro com o pescoço para atingir suas metas e ajudar o time a conseguir a vaga na série A3.
Ian é mais um entre milhares de jovens jogadores que sonham defender um time grande e se tornar um jogador de futebol consagrado. O goleiro do Atibaia, clube
da quarta divisão do futebol paulista, sempre soube que o caminho é
árduo. Mas ele não imaginava ter que andar sobre cacos de vidro, brasas e
até entortar uma barra de ferro com o pescoço para atingir suas metas e
ajudar o time a conseguir a vaga na série A3.
Na última terça-feira, após o jantar em um hotel
de Atibaia, ele se reuniu com seus colegas de grupo para mais uma
sessão de hipnose. Ian já havia arriscado seus mais valiosos
instrumentos de trabalho, os pés, sobre cacos de vidro e brasas, e já
previa que um novo desafio está por vir.
Ele
sabe que as surpresas são constantes quando o educador físico e
treinador motivacional Olimar Tesser aparece para dar palestras. As
brincadeiras com os colegas dão lugar a um semblante sério. É preciso
concentração para ouvir os ensinamentos do treinador que não são sobre
tática ou estratégias de jogo.
Ian
tenta assimilar a importância do companheirismo e espírito de grupo,
mentaliza seus medos e pensa que só com coragem é capaz de superá-los.
As palavras de Tesser ecoam como um mantra na sala silenciosa.
É
com esse pensamento que ele e um colega aceitam apoiar uma barra de
ferro no pescoço - na região da traqueia por onde são feitas as
traqueostomias. Eles caminham em direção ao outro para dar um abraço,
usam o peso do corpo e a barra fica totalmente torta.
"Quando
a gente pensou que não podia piorar, ele chega com essa barra de ferro
para entortar. Depois que ele falou que é a região mais sensível do
corpo, piorou. Fiquei com medo, mas ele nos mostrou que podemos superar
qualquer coisa. É mais um ato de coragem", disse, orgulhoso.
Alguns
colegas de Ian ainda teriam novas batalhas. Eles teriam que andar em um
caminho formado por inúmeros cacos de vidro. Tesser espalha os pedaços
pontiagudos e alerta para os riscos, contando que já presenciou atletas
que cortaram os pés.
Os
novatos até tentam se esconder, mas logo são dedurados pelos outros e
não há como fugir. É uma espécie de batizado. Eles escutam atentamente
as dicas do tutor para não olhar para baixo, andar devagar, colocar todo
o peso do corpo sobre o pé apoiado e nunca arrastá-los.
O
medo do início da caminhada dá lugar ao alívio quando a esposa de
Tesser limpa dos pés de cada um ao final do procedimento, e eles são
abraçados pelos colegas com gritos de comemoração.
Tesser
já fez trabalho com atletas consagrados como a nadadora de maratona
aquática Poliana Okimoto e ficou conhecido no futebol quando salvou o
Paulista de Jundiaí do rebaixamento no campeonato estadual de 2010.
Fonte/MiltonNeves
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